O espaço do idoso; abordagem física e psicológica do ambiente que o envolve.


Created on 11 Jul, 2022
Last Update on 11 Jul, 2022
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RESUMO

A Organização Mundial da Saúde considera idoso acima de 65 anos. Nesta fase da vida são evidentes as manifestações do envelhecimento. Muitos se sentem velhos, pobres, sozinhos e doentes. A sociedade brasileira no decorrer dos últimos anos tem sofrido um processo de transição demográfica caracterizado por um aumento no número de idosos. Este fato tem contribuído para uma inversão na pirâmide etária brasileira. Tal inversão tem ocorrido graças aos grandes avanços tecnológicos e científicos experimentados nas últimas décadas, além do crescente processo de urbanização. No início do século XX, apenas 25% dos brasileiros tinham idade superior a 60 anos. Em 2002 éramos 14 milhões, em 2020 estima-se que teremos 32 milhões de idosos. Este fato vem despertando a atenção para os problemas enfrentados pelos idosos e para a necessidade de garantir condições que propiciem o envelhecimento com dignidade. No novo contexto vivenciado pelo Brasil, no qual a população idosa tem crescido acentuadamente, tem também ocorrido uma modificação nas causas de morte, que até então eram apresentadas por doenças infecto-contagiosas e são agora por doenças crônico-degenerativas.

Ao longo do processo de envelhecimento, as capacidades de adaptação do ser humano vão diminuindo, tornando-o cada vez mais sensível ao seu meio-ambiente que, consoante às restrições ao funcionamento do idoso pode ser um obstáculo para sua vida. O bem- estar psicológico deste grupo etário está muito associado à sua satisfação em relação ao seu ambiente residencial e urbano.

O aumento da população idosa nas cidades brasileiras tem preocupado os estudiosos nas áreas de arquitetura e ergonomia. Em função do processo de envelhecimento, os idosos apresentam necessidades especiais diferenciadas, que devem ser estudadas e conhecidas ao se projetar espaços acessíveis, confortáveis e adequados ergonomicamente.O objetivo deste artigo é investigar os espaços que envolvem o idoso, quer seja o Espaço Urbano, as Instituições Asilares, a Moradia Assistida ou a Residência Familiar. Mostrar que este é um mercado em crescimento para Arquitetos e Designers que desejem de especializar neste segmento da população.

Palavras-chave: Idoso. Ambiente. Espaço.Qualidade de vida.


1. INTRODUÇÃO

Envelhecência é a fase do desenvolvimento humano nas pessoas com idade avançada. Mudanças ocorrem, e os cuidados com a saúde física e mental são a cada dia mais importantes .Mudou o aspecto físico, sente-se a redução dos sentidos e reduzida a libido. Todas as mudanças ocorrem em função de perdas progressivas e irreversíveis das funções orgânicas e psíquicas. Porém estas mudanças poderão ter seus aspectos negativos minimizados, buscando com atitudes uma melhor qualidade de vida. Fugir do estresse, comer várias vezes por dia, pequenas quantidades de alimentos saudáveis, hidratar-se, dormir ou descansar após a principal refeição, praticar exercícios regularmente, buscar atividades prazerosas, fazer pequenas viagens e namorar bastante.

Assim, com certeza, fica fácil superar as angústias, a depressão, o esquecimento transitório e a obsessão pelo rejuvenescimento. (Euler, Esteves Ribeiro, Manaus, out2008. Livro “Envelhecência, envelhecer bem e com qualidade”- UnATI/UERJ).

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 As Necessidades Espaciais do Idoso

As necessidades espaciais advindas do processo de envelhecimento podem ser supridas a partir de projetos de ambientes adequados, que considere suas limitações e capacidades. Suas necessidades podem ser físicas, informativas e sociais. A 12 está relacionada com a saúde física, segurança e com o conforto do usuário no meio- ambiente. As necessidades informativas estão relacionadas ao modo como a informação sobre o meio-ambiente é processada. As necessidades sociais estão relacionadas com a promoção do controle da privacidade e/ou interação social. Ao suprir as necessidades dos idosos, um bom projeto de ambientes e equipamentos facilita a realização de atividades com independência e segurança. “Ambientes amigáveis resultam na oferta de recursos físicos e psicossociais de natureza compensatória para favorecer a saúde física, a funcionalidade e o bem- estar psicológico de pessoas idosas.” (Vya Estelar-Mente na Terceira Idade - como deve ser o ambiente - www2.uol.com.br vyaestelar ambiente idoso).

Os idosos são usuários complexos, pois cada modificação fisiológica pode acarretar uma limitação diferente no uso do espaço e de equipamentos.

Para entender o processo de envelhecimento é preciso analisar três aspectos principais onde estas modificações ocorrem. São eles: sócio-econômicas, psicognitivo e biológico-funcional.

  • Quanto ao aspecto sócio-econômico, as mudanças mais significativas estão relacionadas á aposentadoria, pois com o desligamento do trabalho há um afastamento de seu círculo social e, muitas vezes, uma redução do poder aquisitivo

  • Quanto ao aspecto psico-cognitivo, ocorrem alterações na inteligência, na memória, na aprendizagem e no tempo de reação. Além disso, verifica-se um declínio nas aptidões psico-motoras relacionadas á coordenação, à agilidade mental e aos sentidos.

  • Quanto ao aspecto biológico/funcional são evidenciadas alterações em sua aparência e em sintomas corporais como o cardiovascular, o pulmonar, músculo-esquelético, etc, ou ainda nos sistemas sensoriais.

2.2 Qualidade de Vida no Envelhecimento

O Brasil está entre os países que acumularam maior número de idosos no estoque de sua população em geral, com isto, governantes e parlamentares cuidaram de estabelecer políticas públicas voltadas para este segmento da sociedade, fazendo leis de seguridade social cujos benefícios protegeriam mais os idosos.

Ainda é grande a desinformação sobre o idoso e sobre as particularidades do envelhecimento em nosso contexto social. O envelhecimento humano, na verdade, quase nunca foi estudado. Poucas escolas no país criaram cursos para auxiliar as pessoas mais velhas. Uma prova disso, é que até um tempo atrás, o médico que quisesse se especializar em Geriatria precisava estudar na Europa.

A Constituição de 1988, no entanto, deixou a preocupação e atenção que deve ser dispensada ao assunto, quando colocou em seu texto a questão do idoso. Foi o pontapé inicial para a definição da Política Nacional do Idoso, que traçou direitos desse público e as linhas de ação setorial.

Depois, através da Lei 8.842 de 4 de janeiro de 1994, é que as instituições brasileiras de ensino superior passaram a prever a existência dos cursos de Geriatria e Gerontologia Social nas faculdades de Medicina do país.

Brasília foi a 1º localidade a criar uma Subsecretaria para Assuntos do Idoso que, além de instituir o Estatuto do Idoso, regido por princípios que registram o direito das pessoas mais velhas a uma ocupação e trabalho, como ainda, acesso à cultura, à justiça, à saúde, e a sexualidade, além , é claro, de poder participar da família e da comunidade.

Trechos da Lei 8.842 de 1994:

  • Finalidade: Art. 1º- A política nacional do idoso tem por objetivo assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade. Art. 2º- Considera-se idoso, para os efeitos desta lei, a pessoa com mais de 60 anos de idade.

  • Dos princípios: Art. 3º- I- A família, a sociedade e o Estado, têm o dever de assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania, garantindo sua participação na comunidade defendendo sua dignidade, bem estar e direito á vida. II- O processo de envelhecimento diz respeito à sociedade em geral, devendo ser objeto de conhecimento e informação para todos. III- O idoso não deve sofrer discriminação de qualquer natureza.

  • Das Diretrizes: Art. 4º-I- Viabilização de formas alternativas de participação e convívio do idoso, que proporcionem sua integração ás demais gerações. III- Priorização do atendimento ao idoso através de suas próprias famílias, em detrimento do atendimento asilar, à exceção dos idosos que não possuam condições que garantam sua própria sobrevivência. IX- Apoio a estudos e pesquisas sobre as questões relativas ao envelhecimento.

  • Das Ações Governamentais: Art. 10º-IV- na área de trabalho e previdência social: a) garantir mecanismos que impeçam a discriminação do idoso quanto á sua participação no mercado de trabalho, no setor público e privado. b) priorizar o atendimento ao idosos nos benefícios previdenciários.c) criar e estimular a manutenção de programas de preparação para aposentadoria nos setores público e privado com antecedência mínima de dois anos antes do afastamento. V- na área de habitação e urbanismo: a) destinar , nos programas habitacionais, unidades em regime de comodato ao idoso, na modalidade de casas-lares. b) incluir nos programas de assistência ao idoso formas de melhoria de condições de habitabilidade e adaptação de moradia, considerando seu estado físico e sua independência de locomoção. c) elaborar critérios que garantam o acesso da pessoa idosa á habitação popular.d) diminuir barreiras arquitetônicas e urbanas.
    (Fonte de pesquisa: site unati.uerj.br/A Universidade Aberta da Terceira Idade).

No final da década de 1980, anos antes do reconhecimento nacional da necessidade de um conjunto de políticas voltadas especificamente para os idosos, o professor Américo Piquet Carneiro, idealizou um grande centro de convivência voltado para o estudo da população idosa, um centro de excelência que prestasse assistência e serviços de diversas naturezas a idosos de diferentes faixas etárias, gêneros, etnias, extratos sociais, níveis educacionais e culturais. Enfim, um centro de convivência e excelência no interior de uma universidade pública.

Foi a partir do Hospital Pedro Ernesto, e posteriormente, em 1993, na constituição da UnATI/UERJ, onde foi fundada a Universidade da Terceira Idade, que é desenvolvida por um grupo de profissionais qualificados que a torna um dos mais avançados experimentos de uma microuniversidade temática. Suas ações são dirigidas ás áreas de Ensino, Pesquisa e Extensão em uma área de aproximadamente 800m2 do campus universitário da UERJ.

A partir dos debates e trocas de experiências profissionais e institucionais, sistematizou-se p projeto Núcleo de Atenção ao Idoso(NAI), cujos objetivos são:

  • Abordar de forma integral as necessidades se saúde dos idosos, articulando ações de prevenção de doenças e agravos, tratamento, reabilitação e promoção da saúde;
  • Promover a abordagem interdisciplinar a partir do trabalho em equipe multiprofissional;
  • Formar e capacitar profissionais para lidar com as questões do envelhecimento com base em princípios do SUS;
  • Contribuir para a sensibilização e aperfeiçoamento dos profissionais de saúde do HUPE na atenção ao idoso;
  • Ampliar espaços educativos no serviço voltados à participação dos idosos na assistência e na conquista de seus direitos sociais;
  • Produzir material didático-pedagógico relacionado ao cuidado e à promoção da saúde no envelhecimento;
  • Desenvolver linhas de pesquisa, tendo como eixo o envelhecimento;
  • Realizar ações e projetos educacionais que permitam ao idoso manter-se socialmente ativo e em permanente desenvolvimento;
  • Contribuir para a efetivação de políticas públicas de atenção ao idoso e o fortalecimento do controle social;
  • Estimular a consciência crítica da sociedade brasileira frente ás questões e desafios do envelhecimento da população.

Metodologia do Trabalho

O diferencial desse trabalho é que sua organização se dá por ações interdisciplinares e não pelas profissões, o que resulta na integração das diferentes áreas do programa.

2.3 Acessibilidade Espacial do Idoso no Espaço Urbano

A preocupação com a acessibilidade espacial e adequação ergonômica dos espaços urbanos ainda é incipiente no Brasil, principalmente quando se trata das necessidades espaciais dos idosos. Com o aumento da população idosa, cresce também a necessidade de espaços mais seguros e confortáveis para atender à grande demanda.

Nos últimos anos, tem-se notado uma preocupação progressiva com as questões de acessibilidade de pessoas idosas e de portadores de deficiência física aos espaços, sejam eles de uso público ou não. Com fins de nortear e regulamentar normas técnicas de acessibilidade, foi criada pela ABNT, em 2004, a NBR9050,da ABNT, que estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem observados quando do projeto , construção, instalação e adaptação de edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos às condições de acessibilidade.

Quanto á orientação e informação, os ambientes devem ser espacialmente compreensíveis e apresentar formas diferentes de informações, como placas, mapas, sinalização sonora, etc.

Os equipamentos também devem ser compreensíveis, com explicações intrínsecas quanto sua identidade, função e modo de uso, como por exemplo, um abrigo de ônibus com informação das linhas servidas em forma de texto corrido e em BRAILLE e com sinalização sonora, para idosos deficientes visuais e auditivos.

As áreas de circulação, os pisos com desníveis e bordas devem ser diferenciados com cores e texturas. Paredes e pisos não devem ter cores semelhantes, pois idosos com baixa visão tem dificuldade em perceber os limites da circulação. Os pisos devem ainda, ser antiderrapantes e anti-reflexo, para evitar quedas e ofuscamento. Para transpor desníveis, sugere-se presença de rampas e escadas próximas, permitindo a livre escolha e evitando sua segregação. Para facilitar a travessia de vias veiculares, devem ser construídas faixas elevadas e alargadas. Uma boa iluminação auxilia a evitar acidentes e quedas. Enfatiza os obstáculos e mudanças de níveis, como, por exemplo, a instalação de iluminação em bordas de circulação ou em espelhos das escadas.

Quanto ao mobiliário, nos passeios e circulações, estes devem ser implantados de forma a permitir o livre fluxo de pedestres. Deve-se ter cuidado com as alturas de alcance e para se sentar. Assim, para evitar esforço, os assentos dos bancos e cadeiras não devem ser muito baixos, nem muito altos. Todos os objetos ou mobiliários, principalmente localizados em circulações, devem ter cantos arredondados, e devem ser bem fixados em sua base, para evitar acidentes.

Quando os mobiliários estiverem em áreas de circulação, recomenda-se a instalação de ilhas de mobiliário urbano, como bebedouros, lixeiras e bancos e com marcação visual no piso com cor ou textura diferente. Bancos implantados um de frente para o outro além de permitir o diálogo, facilita a leitura labial para idosos com restrições auditivas. (Vera Helena Moro Bins Ely, dr.eng. e Vanessa Goulart Dorneles, Msc, Arq. e Urb.).(Projeto Casa Segura em www.casasegura.arq.br, maio de 2004).

2.4 A Casa do Idoso

A casa para cada idoso adquire um significado psicológico único, uma vez que há grandes laços afetivos através da memória do seu cantinho. Ao longo do tempo os idosos apegam-se de uma forma muito especial à sua casa, criando um sistema de espaço-ambiente.

No caso dos idosos porque, normalmente, já residem na sua casa há longos anos, esses laços se fortalecem ao longo do tempo. Os sentimentos associados às recordações do curso de sua vida o auxiliam a organizar e mentalizar este percurso, de forma que lhe seja possível manter “vivo” o seu passado, com um sentimento de continuidade e identidade, protegendo-o contra as transformações que vão ocorrendo. Um sentimento de auto-estima positivo, uma vez que o idoso, ao manter-se na sua casa, demonstra aos outros que ainda mantém a sua autonomia e independência.

O idoso está também fortemente ligado ao recheio da sua casa que é um “depósito” de bens pessoais com grande valor sentimental para ele e que o leva a recordar acontecimentos, pessoas, épocas e locais que fizeram parte da sua vida.
(UnATI-Universidade Aberta da Terceira Idade-www.unati.uer).br)

2.5 A Arquitetura em moradia para Idosos

A aceleração do envelhecimento da população é um fenômeno mundial e alcança características drásticas no Brasil, atingindo uma proporção de extremo perigo para o futuro da população inativa das classes B e C que ainda se mantém com dificuldade de moradias adequadas.

Culturalmente, o brasileiro adota, ainda, um apego de manter consigo os familiares mais idosos, mesmo em condições de infra-estrutura precária. Por isso, é cada vez mais frequente o problema do abandono e maus tratos, em função da incapacidade de dar atenção necessária ao idoso.

De acordo com a evolução desse segmento, questiona-se como acomodá-lo de modo digno, confortável e seguro, considerando-se a restrição de renda, os preconceitos da sociedade e a falta de estruturas projetadas para esta finalidade. Como propor edifícios residenciais para idosos, num custo acessível de construção e manutenção, considerando-se um público de aposentados e pensionistas de classe média, pouco estável, que cada vez mais, podem contar muito pouco com a atenção de familiares que sofrem com a perda de poder aquisitivo?

Sendo a Arquitetura a arte de construir, o trabalho do arquiteto busca inovar o caminho para a conciliação dos desejos e das necessidades do cliente com os recursos financeiros disponíveis. O desejo gera as necessidades, que geram a demanda.

2.6 O papel da Arquitetura

“O trabalho de projetar e construir é um processo que responde a uma solicitação da sociedade e só são possíveis avanços na medida em que esta também tiver consciência da importância de se ter em conta o processo de envelhecimento.”
(Schicchi, Maria Cristina- A arquitetura e os Idosos: Considerações para a elaboração de projetos).

Partindo da premissa de que nenhum ser humano é igual ao outro, a necessidade de não massificar o desenho das construções é inerente.Para abranger as diversas condições físicas, psíquicas ou sensoriais das pessoas em todas as fases da vida, os engenheiros, arquitetos e designers de interiores têm em mãos um novo paradigma referente á habitação.

Recentemente, na década de 1960, iniciaram-se estudos sobre barreiras arquitetônicas e o aperfeiçoamento dos espaços que contemplem a melhor acessibilidade, por meio de um desenho universal. Em 1987, pelas mãos de um arquiteto cadeirante, o norte-americano Ron Mance, os padrões para projetos de ambientes e produtos que contemplem toda a diversidade humana tomaram forma quando ele criou o Desenho Universal. Os princípios básicos que o norteiam dizem respeito á sua adequação a pessoas de diversos padrões antropométricos, e considerando a diminuição da capacidade visual e auditiva por meio de soluções específicas. Assim sendo, um projeto arquitetônico deve ser elaborado considerando-se todos os componentes como um sistema complexo e inter-relacionado. É importante determinar a escala das percepções, dos julgamentos e do comportamento dessas pessoas, pois uma pessoa idosa que se torna frágil ou incapacitada pode residir normalmente em uma unidade habitacional, dependendo de sua instalação. Há plena convicção de que é desejável que essas pessoas residam em suas próprias casas tanto tempo quanto possível, porém é preciso que
as moradias sejam concebidas para acomodar a potencialidade declinante do idoso. As guias convencionais de projeto para moradias especializadas foram estabelecidas particularmente para residentes com deficiências, mais do que para as necessidades de pessoas idosas, exceto a NBR 9050, revisada e reeditada em outubro de 2004. É possível desenvolver uma tecnologia para melhorar ambientes residenciais em uma sociedade de envelhecimento, concebendo um projeto detalhado desde a definição dos usuários até a manutenção do edifício, passando por materiais empregados e mobiliário.

2.7 Tipos de moradias

Já faz alguns anos que as habitações complementadas por serviços hoteleiros conquistaram o mercado, abrigando profissionais em períodos de estadia temporária, pessoas solteiras ou descasadas e, mais recentemente, casais ou indivíduos idosos.

Esta solução de moradia traz uma economia no tempo dedicado á manutenção habitacional e permite uma flexibilização do espaço com o uso de equipamentos mais leves e fáceis de transportar. Além disso, a evolução tecnológica permitiu a compactação de máquinas, especialmente na cozinha, gerando mais praticidade e facilidade no manuseio.

A recente mudança de postura profissional, a partir do advento da internet, possibilitou que houvesse as produções profissionais à distância, nos remetendo ás vantagens dos “Home Office” para os indivíduos aposentados, que podem continuar ou, até mesmo, criar novas atividades intelectuais. Além disso, agilizam suas vidas por meio de diversas comodidades, que vão de serviços bancários a pedidos de refeições, sem esquecer do importante contato com parentes e amigos como coadjuvante contra a solidão. No entanto, fatores como a diminuição do tamanho das famílias e das moradias, assim como a dispersão de parentes consanguíneos e , até mesmo , o conflito de gerações, determinam que a solução seja a moradia dos idosos em conjuntos residenciais apropriados , como já ocorre nos países desenvolvidos em residências coletivas de tipo asilar.

Assim sendo, as antigas instituições asilares abrigadas em edifícios com tipologia hospitalar e que representavam o único destino aos idosos sem auxílio familiar ou sem renda compatível com uma vida independente, passam a considerar a terceira e a quarta idades não como um fim de vida, mas uma nova etapa.

2.8 Moradia assistida

Residenciais com moradia assistida apresentam uma gama diversificada de adaptações para necessidades pessoais, supervisão de 24 horas e assistência, atividades e serviços relacionados á saúde, atividades recreativas e espirituais, programa de exercícios e bem-estar, serviço de lavanderia e costura, limpeza doméstica e manutenção e organização para transporte.

Um exemplo, recém inaugurado na zona oeste do Rio de Janeiro, em Vargem Pequena, é o Harmonya Senior Spa (www.harmonya.com.br), com a proposta de “Ressignificar a vida na terceira idade”. O empreendimento comercial projetado por arquitetos, é de alto padrão para atendimento á idosos acima dos 60 anos da classe AA.

Outro exemplo de moradia assistida para idosos da classe AA é o Solar Ville Garaude Alphaville, em S.Paulo. Fundado em 1998 foi o primeiro hotel do Brasil projetado e planejado especialmente para atender clientes da terceira idade.

Porém, estes estabelecimentos no Brasil com características de moradia assistida com finalidade empresarial, custam altas mensalidades e excluem a maioria da população idosa. Portanto, buscar uma alternativa inclusiva, tende a ser a solução de parceria entre as iniciativas públicas e privadas, a exemplo do que já ocorre no atendimento de crianças carentes.

O Brasil começa a despertar para tais mudanças, a partir de iniciativas que geraram também a Lei nº 10.741 de 1º de outubro de 2003, chamada de Estatuto do Idoso.

Art.38 — Nos programas habitacionais, públicos ou subsidiados com recursos públicos, o idoso goza de prioridade na aquisição de imóvel para moradia própria, observado o seguinte: |- reserva de 3% das unidades residenciais para atendimento aos idosos; II- implantação de equipamentos urbanos comunitários voltados ao idoso; III- Eliminação de barreiras arquitetônicas e urbanísticas , para garantia de acessibilidade ao idoso;IV- critérios de financiamento compatíveis com os rendimentos de aposentadoria e pensão.

2.9 Mudanças de Comportamento

Apesar de todas as possibilidades de retardamento da degradação natural do organismo pela biomedicina, um agravamento dessas circunstâncias muitas vezes obriga o idoso a restringir atividades e, até mesmo, a depender de cuidadores, tornando ainda necessário um espaço adicional na moradia ou a acomodação dessas pessoas em locais especializados.

A falta ou restrição de mobilidade motora, o afastamento das atividades rotineiras causado por demências ou, até mesmo depressão originada pela falta de ocupação ou sensação de inutilidade são motivos que criam situações de dependência.

2.10 Percepção Ambiental

Conforto é a sensação de estar em harmonia física e emocional com o ambiente, considerando-se os estímulos advindos das condições de clima, de desenho de equipamentos, de sons, de texturas e de cores, considerando sempre a relação do indivíduo carregado de experiências, que define sua condição cultural. Para cada indivíduo, particularmente, haverá uma condição diferente de conforto, de acordo com seu equilíbrio orgânico e psicológico. Portanto, tal como a arte estimula a mente, o conforto estimula o corpo, positiva ou negativamente.

A Psicologia e a Arquitetura têm buscado, em estudos recentes, quais as relações sensoriais dos indivíduos inseridos em espaços, quer sejam particulares, quer sejam públicos. Sabe-se que os estímulos provocados por cores, texturas, sons, odores e sabores podem trazer a quem os experimenta as mais diversas sensações, que são codificadas de acordo com suas experiências anteriores, além da cultura adquirida no meio familiar e social. Existe, então, a determinação de preferências que estabelecerão os aspectos de conforto ambiental, equacionados de acordo com as características de cada indivíduo, considerando-se a faixa etária, padrão sócio-econômico, origem étnica e cultural, dados antropométricos e de saúde, enfim, códigos que tornam cada pessoa um ser único e capaz de perceber de modo único.

2.11 A Necessidade do Mercado

A construção de conjuntos residenciais para idosos já é uma realidade de mercado, baseada na busca de moradia viável para essa população, considerando condições físicas e econômicas. Diversos programas habitacionais tem sido desenvolvidos na tentativa de atender essa demanda, apesar de embrionários e idealistas. No entanto, a partir de experiências concretas é possível verificar as condições reais e viabilizar esses empreendimentos, atendendo efetivamente esse público crescente e cada vez mais exigente. Necessidades e desejos geram um produto, que será consumido pelo mercado, que gera novas necessidades e desejos, e assim por diante: esse é o ciclo do “marketing”.

O produto não surge apenas pelo crescimento da população idosa, mas pela mudança do perfil do público consumidor. Conhecer o usuário idoso e estabelecer parâmetros de projeto para atendê-lo trouxe dados sobre essa demanda de mercado, ainda carente em empreendimentos que atendam seu desejo de viver dignamente em lugares adequados ao seu perfil, atendendo á expectativa também das famílias que, cada vez mais, encontram-se em situações de desconforto quanto á melhor acomodação dos seus parentes idosos.

2.12 O trabalho do Arquiteto

Busca-se o conhecimento dos problemas relacionados com as novas necessidades dos idosos, contingente populacional em ascensão no Brasil e no mundo, e as características físicas e psicológicas desses indivíduos, assim como conhecer os efeitos do envelhecimento. Conhecendo a anatomia do idoso, caracterizando-o e descrevendo o processo de envelhecimento, cria-se um perfil balizador para o desenvolvimento da proposta arquitetônica.

A Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia - Regional ceará (SBOT-CE), realizou a campanha “Casa Segura do Idoso” na Casa Cor Ceará 2008. O espaço que recebeu o prêmio Casa Cor Ceará 2008 “ambiente Verde”, mostrava uma casa voltada aos idosos com os devidos cuidados que eles requerem.

O objetivo da SBOT-CE foi mostrar a casa segura para a terceira idade, levando ao conhecimento da sociedade quais são os cuidados que se deve ter em casa para evitar que um idoso caia e sofra fraturas. (www.sbot-ce.com.br)

2.13 Adaptação, segurança e Higiene no Ambiente do Idoso

Além de proteção, o ambiente deve garantir desenvolvimento, estimulação e satisfação para promover o bem estar do idoso. Também deve ser saudável. Para isso, medidas de higiene, controle de ruídos e de temperatura devem ser preocupações constantes. A seguir, apresentaremos itens necessários para adaptar um ambiente para o idoso na forma de um “check-list”. São medidas e adaptações que podem ser utilizadas tanto em instituições asilares, moradia assistida, quanto na residência do idoso.

Segurança

Para evitar quedas, o idoso deve ter uma série de cuidados em casa, tais como:

Evitar roupas compridas em que haja o risco do idoso tropeçar e dar preferência a sandálias rasteiras e que prendam no calcanhar. Deve-se evitar que o idoso carregue muitos objetos e verificar se o mesmo necessita de óculos. Visitas periódicas ao oftalmologista são indispensáveis, a fim de ajustar as mudanças degenerativas da visão.

São itens importantes: telefone acessível; extintor de incêndio; sistema de refrigeração com manutenção de temperatura agradável; sistema apropriado de armazenagem de alimentos.

A iluminação deve ser adequada em corredores e escadas, com um ambiente bem iluminado, sem ofuscar, e deve haver luzes noturnas. Obrigatoriamente, são necessários corrimãos nas escadas e banheiros e também nas outras áreas, se possível. Os pisos devem ser antiderrapantes, fáceis de limpar, que não requeiram encerar, sem tapetes e sem irregularidades e que amortece em caso de quedas. Qualquer coisa que for derramada no chão deve ser enxugada imediatamente; não deve haver fios aparentes nos eletrodomésticos ou no meio ambiente, muito menos obstáculos nas áreas de circulação.

As portas, escadas e degraus devem ser pintados com cores contrastantes com a parede. As portas não devem ter maçanetas e se de correr, sem trilhos no chão. As janelas devem ser fáceis de acessar e abrir. As prateleiras devem ser alcançáveis, a uma distância entre os olhos e quadris do usuário. Recomenda-se controle do barulho ambiental.

A mobília deve ser forte e preparada para suportar o peso de um adulto que se apoiar nela e com cantos arredondados, mesas fixas e no canto do cômodo e móveis com altura adequada para evitar tontura. Se houver necessidade de mudar algum móvel de lugar, é preciso orientar o idoso, principalmente os que tiverem déficit visual.

Para o uso de cadeira de rodas, as circulações devem ser livres, e amplas, deve haver rampas e elevadores, o banheiro deve ser amplo para manobrar, e as pias e mobílias precisam ser baixas. As portas devem ter largura mínima de 70cm, e não devem ter maçanetas.

Banheiros

O piso do banheiro deve ser antiderrapante, inclusive a superfície do box e banheiras. Os espelhos devem estar acessíveis para que as pessoas que usam cadeira de rodas possam usá-los. O ambiente deve estar iluminado, porém sem ofuscar. Deve haver espaço suficiente para manusear cadeira de rodas no ambiente e nas portas. Deve haver corrimão no boxe e nas laterais do vaso sanitário, obrigatoriamente. A pia deve ser adaptada para o uso de cadeira de rodas, deve ter sustentação tipo 'mão francesa”, não pode ter “pé”. Toalhas, toalheiros e papel higiênico devem estar facilmente alcançáveis. As torneiras devem ser adaptadas para uso de pessoas com mãos artríticas. Botões para chamada de emergência devem ser instalados e estar facilmente acessíveis- sinos ou apitos também podem ser utilizados. O assento do vaso sanitário deve ter uma altura de aproximadamente 50cm. Existe equipamento para aumentar a altura do assento. Cadeiras higiênicas também podem ser usadas.

Sala de Refeições

As mesas devem ter altura suficiente para o uso de cadeira de rodas, ou seja, devem ter um vão livre com uma altura aproximada de 65cm. A superfície das mesas devem ser de material não- ofuscante e sua cor deve contrastar com a cor da louça e talheres. O ambiente deve ser o mais silencioso possível.

As cadeiras devem ser fortes e de braços, para que o idoso possa se sentar e levantar independentemente.

Acessibilidade e Mobilidade

Garantia de rampas para cadeira de rodas. Os botões de elevadores devem ser alcançáveis em cadeira de rodas. Todo o edifício deve ter corrimãos a uma altura apropriada. As portas devem ser leves o suficiente para que idosos abram. Precisam ter, no mínimo, 70cm de largura; a porta de banheiro e corredores, no mínimo, 1 metro, para o trânsito livre de cadeira de rodas. Os telefones devem estar acessíveis.

Compensações Visuais

Os pisos não podem produzir reflexos (devem ser foscos).

Os carpetes devem ser lisos ou ter uma padronagem que não dê a ilusão de obstáculos. Deve haver bastante contraste entre a cor do piso e da mobília e os objetos do ambiente. Mostradores de relógio e teclados devem ter números bem grandes.

Áreas Externas

Deve haver abrigos contra o sol. Os caminhos devem ser seguros, com banquinhos para que o idoso possa descansar. Deve ser adaptado para uso com cadeira de rodas. Todas as áreas devem ter piso antiderrapante.

Quartos

Vãos de portas e as circulações devem ser largos o suficientes para a passagem de cadeira de rodas. A arrumação da mobília deve permitir que haja espaço suficiente para que o idoso e seu cuidador se movimentem com conforto. O idoso deve ter acesso aos seus pertences. Para isso, é preferível, que tudo o que ele precisa em seu dia-a-dia fique guardado a uma altura entre seus olhos e quadris. Os quartos devem ser personalizados. Toda a privacidade deve ser preservada.

Promovendo o Envolvimento da Família

Os quartos devem estar disponíveis para festas familiares e reuniões. Em instituições, devem ser enviados convites ás famílias com a programação das atividades culturais e sociais. As áreas externas devem incluir brinquedos de “playground” para estimular a visita das crianças. Deve haver cadeiras pequenas, livros e revistinhas para as crianças que visitarem o idoso.

Estimulação Sensorial

É importante pensar nos pequenos estímulos que geram sensação de prazer e conforto, como cobertores macios, murais, quadros, esculturas, plantas, flores frescas, alimentos cheirosos, perfumes suaves, bichinhos de estimação, música suave.

Pontos-chave

Há maneiras de compensação para perdas sensoriais; estas formas são frequentemente uma questão de ajuste do ambiente. A adaptação do ambiente é parte integrada dos cuidados de cada pessoa. Uma simples medida de ajuste ambiental, como aumentar a luminosidade pode fazer uma grande diferença para a capacidade do idoso de manter ou perder sua autonomia.

É preciso que o cuidador esteja atento para checar, a todo momento, que o ambiente esteja higienizado, livre de obstáculos e perigos que possam causar acidentes ou retardar a independência do idoso. (Caldas, C.P.- Adaptando o ambiente em que vive o idoso. In: Caldas, C.P. (Org). A saúde do idoso: A arte de se cuidar. 1º Ed. Rio de Janeiro: Eduerj, 1998).

3. Conclusão

O processo de urbanização e a consequente modificação do mercado de trabalho aceleraram a redistribuição da população entre as zonas rural e urbana do país. O emprego nas fábricas e as possibilidades mais diferenciadas de trabalho nas cidades alteraram a estrutura familiar brasileira, transformando a família extensa do campo na família nuclear urbana. Com o aumento da expectativa de vida, as famílias passaram a ser constituídas por várias gerações, requerendo os mecanismos necessários de apoio mútuo entre as que compartilham o mesmo domicílio.

A família, tradicionalmente considerada o mais efetivo sistema de apoio aos idosos, está passando por transformações decorrentes dessas mudanças conjunturais e culturais. O número crescente de divórcios, o segundo ou terceiro casamento, a contínua migração dos mais jovens em busca de mercados mais promissores e o aumento do número de famílias em que a mulher exerce o papel de chefe são situações que precisam ser levadas em conta na avaliação do suporte informal aos idosos na sociedade brasileira.

De outra parte, o apoio aos idosos praticado no Brasil ainda é bastante precário. Por se tratar de uma atividade predominantemente restrita ao âmbito familiar, o cuidado ao idoso tem sido ocultado da opinião pública, carecendo de maior visibilidade. O apoio informal e familiar constitui um dos aspectos fundamentais na atenção à saúde desse grupo populacional. Isso não significa, no entanto, que o Estado deixe de ter um papel preponderante na promoção, proteção e recuperação da saúde do idoso nos três níveis de gestão do SUS, papel este capaz de otimizar o suporte familiar sem transferir para a família a responsabilidade em relação a este grupo populacional.

Acrescente-se, por outro lado, a necessidade da sociedade entender que o envelhecimento de sua população é uma questão que extrapola a esfera familiar e, portanto, a responsabilidade individual, alcançando o âmbito público, compreendido neste âmbito o Estado, as organizações não- governamentais e os diferentes segmentos sociais.

Neste sentido, a Política Nacional de Saúde do Idoso tem como propósito balizar a promoção do envelhecimento saudável, a preservação e/ou melhoria, ao máximo possível, da capacidade funcional dos idosos, a prevenção de doenças, a recuperação da saúde daqueles que adoecem e a reabilitação daqueles que venham a ter a sua capacidade funcional restringida de modo a garantir-lhes permanência no meio em que vivem, exercendo de forma independente suas funções na sociedade.

O esforço conjunto de toda a sociedade, aqui preconizado, implica o estabelecimento de uma articulação permanente que, no âmbito do SUS, envolve a construção de uma contínua cooperação entre o Ministério da Saúde e as Secretarias Estaduais e municipais de Saúde. (Desafios a serem enfrentados no terceiro milênio pelo setor saúde na atenção integral ao idoso- UnATI/UERJ- Rio de Janeiro- 2000)

O grande atraso na agenda social do País e, como subproduto, na agenda da saúde, em particular aquelas destinadas à produção de modelos e estruturas de atenção ao idoso, torna esta necessidade urgente e imperiosa. A maioria das instituições brasileiras de ensino da área de saúde ainda não despertou para o atual progresso de transição demográfica e epidemológica e suas consequências médico-sociais, não oferecendo conteúdo gerontológico adequado em seus cursos de graduação.

Com isso, amplia-se a carência de recursos técnicos e humanos para enfrentar a explosão desse grupo populacional nas próximas décadas. O sistema de saúde não está estruturado para atender à demanda crescente desse segmento etário.

É necessário tornar de conhecimento público em geral e dos profissionais ligados ás áreas projetuais de Arquitetura e Designer de Interiores, a situação atual do idoso no mundo, e especificamente, no Brasil. Chamar a atenção para os cuidados projetuais em relação a esta faixa etária em crescimento acelerado e já é uma realidade de mercado de trabalho especializado neste setor.

Estabelecer as relações do idoso com seu meio-ambiente consoante com as variáveis dos diferentes grupos de idosos considerando faixa etária, personalidade, tipo de vida, atividades, e as consequências de seu envelhecimento e limitações, de natureza física, neuro-psicológica ou ambas.

Estudar soluções para viabilizar a melhoria da qualidade de vida do idoso, oferecendo mais conforto, autonomia e elevando a auto-estima a fim de amenizar as consequências do envelhecimento e trazer alegria, bem-estar e prazer às suas vidas. Estabelecer um novo nível de consciência social sobre o processo de envelhecimento da população brasileira que permita aos idosos viver a 3º idade com dignidade, respeito, valorização pessoal e participação cidadã.

Considerando todas as variáveis a serem estudadas entre os grupos de idosos e respeitando suas diferenças, projetar espaços personalizados e que possam ser ajustados de acordo com as etapas futuras e ás novas dificuldades que possam ocorrer em decorrência de seu envelhecimento, uma vez que, cada vez mais o ser humano tem sua expectativa de vida ampliada em função do avanço científico e tecnológico.

Isto posto devemos compreender a saúde e o bem-estar ambiental do idoso como um estado de satisfação pessoal, como base para novos projetos e, sobretudo, como uma apaixonada busca pela felicidade.

No entanto, a arquitetura não deve jamais servir apenas a uma classe, a um grupo ou a um tipo de usuário específico. Ao contrário, ao pensarmos os espaços, seja no nível privado da habitação ou na escala de um espaço publico, é essencial que se pense o universo de pessoas da forma mais ampla possível, ou seja, a arquitetura e o urbanismo devem ser pensados para as necessidades e desígnios humanos.

A postura mais adequada deveria ser então projetar tendo em mente, sempre que possível, as diferentes necessidades e características dos usuários, mesmo de minorias. No futuro esta postura poderá diminuir a necessidade de se reprojetar espaços. Deve-se ter em conta a mudança no grau de capacidade dos usuários ao longo do tempo.

Por outro lado, quase todos os requisitos de segurança e acessibilidade para pessoas idosas criam conforto para qualquer pessoa em boa parte da sua vida.
(A Arquitetura e os Idosos: Considerações para elaboração de Projetos- Schicchi, Maria Cristina)

4 BIBLIOGRAFIA

ABNT- NBR 9050 DE 2004.

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Bestetti, M.L.Trindade- Falando de arquitetura em moradias para idosos.
Schicchi, Maria Cristina- A Arquitetura e os Idosos: Considerações para elaboração de projetos.
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Desafios a serem enfrentados no terceiro milênio pelo setor saúde na atenção integral ao idoso- UnATI/UERJ- Rio de Janeiro-, 2000.


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